Joaninha
hoje quer conversar e como já é habitual ela gosta muito de pedir
conselhos à sua mãe. Sabem porquê? Pois é claro, ouçam bem:
As
suas amigas da Escola andavam por lá a cochichar que iam fazer um
passeio a Tarouca lá para Maio. Dizem que vai haver um grande evento
cultural e estava ansiosa por chegar a casa e perguntar a sua mãe se
também poderia ir com elas. É que é nessa altura que os
sabugueiros se cobrem de branco, num imenso manto, em toda aquela
região.
-
Ai, que não posso mesmo perder – pensava.
Com
essa pressa toda, nem brincou nem cantarolou, nem saltitou, como era
seu hábito.
De
repente, pousa-lhe na mão a sua amiguinha, a outra Joaninha, aquela
que sabia voar como ninguém. Asitas vermelhas, pintinhas pretas,
linda como sempre.
-
Estás preocupada, amiga? Sinto-te ansiosa. Porquê essa pressa toda?
-
Não queiras saber, Joaninha. Quero ir a Tarouca. Vai haver lá uma
festa de arromba e eu não quero perder.
-
Taroucaaaa? Credo, miúda, só pensas em Tarouca!
-
Não é só Tarouca, amiguinha, são todas as terras ao seu redor. E
os sabugueiros em flor. Não imaginas o que é aquilo. Quais
amendoeiras, quais cerejeiras! Lindo, lindo, é ver aquele Vale
Encantado como se fora um manto de brancura e pureza. O ar puro, o
cheiro suave, as águas a correr….
-
Vou contar-te um segredo.
-
Conta, conta, já sinto as asas a tremer – gracejou – conta lá.
-
Sabes que sou madrinha da Freguesia de Granja Nova e Vila Chã da
Beira? Coisas do amigo Teixeira, o músico e compositor que fez a
melodia e com a Rosário compuseram o meu videoclip. Que show! Será
que as gentes dessas freguesias gostam duma madrinha como eu? Eles
nem sabem que esta madrinha escreve livros que falam de Joaninhas.
-
Pronto, lá estás tu com as tuas inseguranças. Claro que vão
adorar-te.
-
Uiiii, ando mesmo nervosa. Estava preocupada, não te via chegar.
-
Eu sei, eu sei, acalma-te lá, não sejas tontinha.
-
Vamos então falar com a minha mãe. Quem me dera que me deixe ir!
Num
ápice se puseram em casa. Ao vê-las, disse a mãe:
-
Até que enfim, meninas, começava a ficar preocupada. Vieram mais
tarde que o habitual. Passou-se alguma coisa?
-
Até vim a correr. Mas a Joaninha chegou e parámos para conversar.
Tinha algo para lhe contar e demoramos um pouco mais de tempo.
-
Olha, Joaninha, para a próxima vez venham diretas para casa e
conversam pelo caminho.
-
Está bem, mãezinha, não volta a acontecer.
-
Mãe, queria pedir-te uma coisa. Gostava tanto que dissesses que sim!
-
Fala lá, o que desejas?
-
Gostava de ir a Tarouca.
-
Tarouca? Aquele programa que diz que Vale a Pena?
-
Já ouviste falar?
-
Ai, Joaninha, quem não ouvir falar nisso. Toda a gente fala em ir a
Tarouca. É no mês de Maio, não é?
-
É isso, mãe! Sabias que é nessa altura que os sabugueiros estão
todos em flor? Dizem que é tão lindo, mãezinha! Olha, um
compositor meu amigo, o António Teixeira, quando escrevi para lá um
poema, fez uma música e nomeou-me madrinha de Granja Nova e Vila Chã
da Beira, sabias?
-
Não me digas! Que alegria, minha filha. Fico mesmo muito feliz.
Quando fores grande, vais ser uma famosa poetisa.
-
Vamos a Tarouca, mãe? – perguntou expectante.
-
Vamos sim, filha, eu também vou gostar de ir e assistir e esse
mágico programa que estão a preparar.
-
Será que há por lá muitas Joaninhas – acorreu a sua amiguinha
esvoaçando as asas – também quero ir.
-
Sim, Joaninha, vais encontrar o Vale com Joaninhas esvoaçando por
toda a parte. Chamam-lhe o Vale Encantado e ele vai fazer jus ao seu
nome.
-
São tantas as maravilhas com que a natureza brindou aquela terra,
Mãe, como podia não haver ali Joaninhas lindas como a minha.
-
Claro, meninas, onde há serras há joaninhas a voar e recantos
lindos para visitar e, com certeza, muitas histórias para ouvir e
para contar. Vamos a Tarouca, Vai Valer a Pena.
Joana
Rodrigues 17/03/2018
Sem comentários:
Enviar um comentário