quarta-feira, 21 de março de 2018

JOANINHA VAI A TAROUCA



Joaninha hoje quer conversar e como já é habitual ela gosta muito de pedir conselhos à sua mãe. Sabem porquê? Pois é claro, ouçam bem:
As suas amigas da Escola andavam por lá a cochichar que iam fazer um passeio a Tarouca lá para Maio. Dizem que vai haver um grande evento cultural e estava ansiosa por chegar a casa e perguntar a sua mãe se também poderia ir com elas. É que é nessa altura que os sabugueiros se cobrem de branco, num imenso manto, em toda aquela região.
- Ai, que não posso mesmo perder – pensava.
Com essa pressa toda, nem brincou nem cantarolou, nem saltitou, como era seu hábito.
De repente, pousa-lhe na mão a sua amiguinha, a outra Joaninha, aquela que sabia voar como ninguém. Asitas vermelhas, pintinhas pretas, linda como sempre.
- Estás preocupada, amiga? Sinto-te ansiosa. Porquê essa pressa toda?
- Não queiras saber, Joaninha. Quero ir a Tarouca. Vai haver lá uma festa de arromba e eu não quero perder.
- Taroucaaaa? Credo, miúda, só pensas em Tarouca!
- Não é só Tarouca, amiguinha, são todas as terras ao seu redor. E os sabugueiros em flor. Não imaginas o que é aquilo. Quais amendoeiras, quais cerejeiras! Lindo, lindo, é ver aquele Vale Encantado como se fora um manto de brancura e pureza. O ar puro, o cheiro suave, as águas a correr….
- Vou contar-te um segredo.
- Conta, conta, já sinto as asas a tremer – gracejou – conta lá.
- Sabes que sou madrinha da Freguesia de Granja Nova e Vila Chã da Beira? Coisas do amigo Teixeira, o músico e compositor que fez a melodia e com a Rosário compuseram o meu videoclip. Que show! Será que as gentes dessas freguesias gostam duma madrinha como eu? Eles nem sabem que esta madrinha escreve livros que falam de Joaninhas.
- Pronto, lá estás tu com as tuas inseguranças. Claro que vão adorar-te.
- Uiiii, ando mesmo nervosa. Estava preocupada, não te via chegar.
- Eu sei, eu sei, acalma-te lá, não sejas tontinha.
- Vamos então falar com a minha mãe. Quem me dera que me deixe ir!
Num ápice se puseram em casa. Ao vê-las, disse a mãe:
- Até que enfim, meninas, começava a ficar preocupada. Vieram mais tarde que o habitual. Passou-se alguma coisa?
- Até vim a correr. Mas a Joaninha chegou e parámos para conversar. Tinha algo para lhe contar e demoramos um pouco mais de tempo.
- Olha, Joaninha, para a próxima vez venham diretas para casa e conversam pelo caminho.
- Está bem, mãezinha, não volta a acontecer.
- Mãe, queria pedir-te uma coisa. Gostava tanto que dissesses que sim!
- Fala lá, o que desejas?
- Gostava de ir a Tarouca.
- Tarouca? Aquele programa que diz que Vale a Pena?
- Já ouviste falar?
- Ai, Joaninha, quem não ouvir falar nisso. Toda a gente fala em ir a Tarouca. É no mês de Maio, não é?
- É isso, mãe! Sabias que é nessa altura que os sabugueiros estão todos em flor? Dizem que é tão lindo, mãezinha! Olha, um compositor meu amigo, o António Teixeira, quando escrevi para lá um poema, fez uma música e nomeou-me madrinha de Granja Nova e Vila Chã da Beira, sabias?
- Não me digas! Que alegria, minha filha. Fico mesmo muito feliz. Quando fores grande, vais ser uma famosa poetisa.
- Vamos a Tarouca, mãe? – perguntou expectante.
- Vamos sim, filha, eu também vou gostar de ir e assistir e esse mágico programa que estão a preparar.
- Será que há por lá muitas Joaninhas – acorreu a sua amiguinha esvoaçando as asas – também quero ir.
- Sim, Joaninha, vais encontrar o Vale com Joaninhas esvoaçando por toda a parte. Chamam-lhe o Vale Encantado e ele vai fazer jus ao seu nome.
- São tantas as maravilhas com que a natureza brindou aquela terra, Mãe, como podia não haver ali Joaninhas lindas como a minha.
- Claro, meninas, onde há serras há joaninhas a voar e recantos lindos para visitar e, com certeza, muitas histórias para ouvir e para contar. Vamos a Tarouca, Vai Valer a Pena.
Joana Rodrigues 17/03/2018


Sem comentários:

Enviar um comentário